Maior parte dos ferimentos foi causada por estilhaços de vidro que quebraram com a passagem do meteorito que lançou bolas de fogo em Chelyabinsk, nos Montes Urais
Um meteorito atravessou o céu sobre os Montes Urais na Rússia na manhã desta sexta-feira, provocando explosões e deixando quase mil feridos, a maioria com machucados causados por estilhaços de vidros que quebraram.
"Houve pânico. As pessoas não faziam ideia do que estava acontecendo. Todo mundo começou a ir um na casa do outro para checar se estava tudo bem", disse Sergey Hametov, residente de Chelyabinsk, cerca de 1,5 mil km a leste de Moscou, a maior cidade afetada da região. "Vimos uma grande bola de luz quando saímos para ver o que era e ouvimos um som forte de trovão."
Um segundo residente de Chelyabinsk, Valya Kazakov, disse que alguumas idosas no seu bairro choraram pensando que se tratava do fim do mundo. Outros viram uma luz forte e sentiram uma onda de tremor.
Alguns meteoritos - fragmentos de um meteoro - cairam em um reservatório fora da cidade de Cherbakul, informou o gabinete do governo regional, de acordo com a agência ITAR-Tass.
O número de feridos é conflitante. A chefe do departamento de Saúde de Chelyabinsk Marina Moskvicheva disse à agência Associated Pess que 985 pessoas em sua cidade procuraram assistência médica e 43 estavam hospitalizadas.Meteoros geralmente causam estrondos sonoros quando entram na atmosfera, porque percorrem o espaço muito mais rápido do que a própria velocidade do som. Ferimentos provocados na escala de hoje são extremamente raros.
Entretanto, uma fonte ouvida pela rede britânica BBC afirma que o número de pessoas que procuraram assistência para os ferimentos foi de 950 e destas, 46 permaneciam no hospital.
O porta-voz do Ministério do Interior Vadim Kolesnikov disse que cerca de 600 m² de um telhado de uma fábrica de zinco caiu. Não se sabe com clareza se a queda foi causada pelo meteorito.
Há declarações conflitantes sobre o que de fato aconteceu. Um porta-voz do Ministério de Emergências Irina Rossius afirmou que se tratou de uma chuva de meteoros, mas outra porta-voz do governo Elena Smirnikh confirmou que um único meteoro foi fragmentado.
Um vídeo amador mostrava um objeto caindo do céu às 9h20 do horário local (3h20 em Brasília), deixando um longo rastro branco em seu caminho que podia ser visto a até 200 km de distância, em Yekaterinburgo. Alarmes de carros soaram, janelas quebraram e telefones celulares tiveram o funcionamento afetado pelo incidente.
"Eu estava dirigindo para o trabalho, estava bem escuro, mas de repente veio um clarão como se fosse dia", disse Viktor Prokofiev, de 36 anos, morador de Yekaterinburgo, nos Montes Urais. "Me senti como se estivesse ficado cego pela luz", acrescentou.
Não foram registradas mortes em consequência do meteorito, mas o presidente Vladimir Putin, que nesta sexta-feira recebe ministros da Fazenda dos países do G20, foi notificado pelo ocorrido.
Assista ao vídeo:
O meteorito atingiu a Rússia menos de um dia antes de o 2012 DA14 fazer a passagem de um asteróide mais próxima da Terra já registrada - cerca de 28 mil km. Mas a Agência Espacial Europeia publicou em seu Twitter que os dois eventos não tinham conexão. Acredita-se que um meteorito tenha devastado uma área de mais de 2 mil km² na Sibéria em 1908.
Pequenos pedaços de detritos espaciais - especialmente partes de cometas e asteroides - que estão em rota de colisão com a Terra são chamados de meteoróides. Quando os meteoróides entram na atmosfera terrestre, são chamados de meteoros. A maioria dos meteoros são destruidos na atmosfera, mas se eles sobrevivem ao calor e à fricção, são chamados de meteoritos.
Os dramáticos eventos provocaram reações de políticos na Rússia. O premiê Dimitri Medvedev, durante um fórum de economia na cidade de Krasnoyarsk, na Sibéria, disse que o meteorito poderia ser um símbolo para o fórum, mostrando que "não somente a economia é vulnerável, mas todo o planeta".
Vladimir Zhirinovsky, o líder nacionalista, disse que "não são meteoros caindo, são testes de uma nova arma americana".
Com AP e Reuters
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