quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Carnaval de Macal é cancelado

Em meio à maior crise financeira e hídrica que assola boa parte dos municípios do Rio Grande do Norte, a tradicional festa de Carnaval realizado em Macau, localizada na região da Costa Branca potiguar, foi cancelada nessa terça-feira (19) pela empresa organizadora. A decisão foi tomada em meio ao impasses entre a prefeitura do município, a iniciativa privada e o Ministério Público Estadual (MPRN).
Frankie MarconeTradicional carnaval de Macau não será realizado em 2016, afirma empresa organizadoraTradicional carnaval de Macau não será realizado em 2016, afirma empresa organizadora

Na manhã de hoje (19), o empresário Serginho Lisboa, administrador da empresa responsável pela organização do "mela-mela" e das atrações da Arena Carnaval, divulgou nota nas redes sociais em que reforçou a impossibilidade de realizar a festa diante da falta de garantias oferecidas pelo município. "Poderíamos [realizar os eventos] se tivéssemos as garantias reais de segurança, saúde e infraestrutura para o carnaval. Busquei contato com o prefeito e não consegui. Precisava de garantias escritas e assinadas", disse em nota.

Ainda segundo o empresário, o Ministério Público sinalizou que poderia intervir com medida cautelar caso a realização do carnaval se concretizasse, cancelando as atividades em cima da hora. Além disso, Lisboa acredita que o Carnaval está sendo alvo de "boicote" por "por quase todos que detém de influência política", conforme afirmou na publicação.

A administração municipal recebeu recomendação do MPRN para não custear os festejos ligados ao Carnaval, como o pagamento de bandas e artistas que se apresentariam durante os dias de folia. 

Conforme adiantou TRIBUNA DO NORTE, em reportagem publicada no último domingo (17), o prefeito interino Einstein Batista declarou que a gestão acata a decisão do MPRN, mas garantiu a segurança e apoio necessário aos blocos de rua. "Esse apoio é necessário para garantir que Macau continue com um dos maiores carnavais do RN. O carnaval acontecerá de todo jeito, pois é uma manifestação popular e essa tradição não acabará de forma alguma", disse. 

Dentre os pontos que competem à prefeitura, estão o pagamento de diárias operacionais e fornecimento de alimentação aos agentes de segurança (policiais e guardas); ampliação de pessoal nas unidades de pronto atendimento; pagamento da conta de água dos prédios públicos; efetivo extra para organização do trânsito.

A contratação de banheiros químicos esbarra na recomendação do MPRN, mas a prefeitura entende que é necessária durante os percursos de rua, como o "mela-mela".

A reportagem tentou contato durante toda a tarde desta terça-feira com o prefeito de Macau para saber se houve recuo na decisão de fornecer o apoio necessário à realização do evento. Porém, até o fechamento desta reportagem, as ligações não foram atendidas. Da mesma forma, o empresário Serginho Lisboa e a Promotoria do MPRN em Macau não atenderam às ligações feitas.

Carnaval de Mossoró é cancelado devido a criseOutro município potiguar que anunciou o cancelamento da programação de Carnaval foi a cidade de Mossoró, na região Oeste. De acordo com a Prefeitura de Mossoró, a falta de recursos motivou a decisão de não realizar os eventos públicos ligados à folia, como os tradicionais desfiles das escolas de samba, o concurso de Rei e Rainha, o Caia na Gandaia, dentre outros.

A secretária de cultura Isolda Dantas lamentou a decisão, mas considerou que foi o melhor a se fazer em meio à crise financeira. "Lamentamos não poder ajudar as agremiações, mas foi a medida correta nos anteciparmos. Não podíamos correr o risco de realizar o carnaval e depois ficarmos na situação de não termos condições de fazer os pagamentos”, explicou. 

A exemplo de Macau, a gestão municipal mossoroense garantiu aos moradores o apoio logístico aos eventos organizados em bairros, como serviços de limpeza e ordenação de tráfego em ruas e avenidas. 

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