Parte do dinheiro do esquema desbaratado pela Operação Lava Jato teria abastecido a campanha do atual ministro do Turismo ao governo do Rio Grande do Norte em 2014
Por: Redação
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) atuou para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS.
Parte do dinheiro do esquema desbaratado pela Operação Lava Jato teria abastecido a campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014, quando ele acabou derrotado.
A negociação envolveria o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. As afirmações da Procuradoria constam do pedido de abertura de inquérito para investigar os três, enviado no fim de abril ao Supremo, mas até hoje mantido sob sigilo.
No despacho obtido pela Folha, Janot aponta que Cunha e Alves atuaram para beneficiar empreiteiras no Congresso, recebendo doações em contrapartida.
Entre 10 e 23 de outubro de 2014, houve ao menos oito pedidos de recursos para Alves, feitos por Cunha a Pinheiro. Também há cobranças diretas do atual ministro ao empreiteiro.
Alves, segundo a PGR, prometeu ao comando da OAS atuar junto ao Tribunal de Contas da União e ao Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, onde a empreiteira tinha pendências.
As mensagens também citam diversos encontros dos empreiteiros com Alves.
Na prestação de contas da campanha de Alves, há o registro do recebimento de R$ 650 mil da OAS. Além disso, outros R$ 4 milhões, doados pela Odebrecht, são considerados suspeitos por Janot, porque as doações teriam sido feitas a pedido de Cunha para um posterior acerto da Odebrecht com a OAS.
Nos diálogos abaixo, o registro das conversas entre Henrique, Cunha e Léo Pinheiro. Acompanhe:
CONVERSAS INDISCRETAS
Para Procuradoria, mensagens de celular mostram Henrique Eduardo Alves e Cunha pedindo doações à OAS
OS ENVOLVIDOS
Henrique Eduardo Alves, ministro do Turismo (PMDB-RN)
Eduardo Cunha, deputado federal afastado (PMDB-RJ)
Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS condenado a 16 anos
22.jun.2013
Henrique Eduardo Alves (para Léo Pinheiro): Charles [não identificado] poderia me procurar seg cedo em casa? la marcaria com Pres TC, irmão do Garibaldi. Discutiríamos problema. Se ele puder, 8 e 30!Ok
14.jul.2013
Henrique Eduardo Alves (para Léo Pinheiro): Seg, em BSB, vou pra cima do TCU. Darei notícias!
Segundo a Procuradoria, o ministro diz que procurará o então presidente do Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, Paulo Roberto Chaves Alves, irmão do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), para resolver demandas da OAS
26.mar.2013
Léo Pinheiro (para Antonio Carlos Mata Pires, sócio da OAS): Henrique Alves me ligou x nossa negociação com o América de Natal.Falo-me do nOde cadeiras: 1650 para 2000 E do valor mensal: 50mil para 100mil. Vc vê com Cadu? Bjs.
Segundo a Procuradoria, Pinheiro relata conversa que teve com Alves sobre negociação de cadeiras com o time de futebol América de Natal
10.out.2014
Eduardo Cunha: Vê Henrique seg turno
Léo Pinheiro: Vou ver
13.out.2014
Eduardo Cunha: Amigo a eleição e semana que vem preciso queveja urgente…
15.out.2014
Eduardo Cunha: Henrique amigo?
Léo Pinheiro: Está muito complicado
Eduardo Cunha: Mas amigo tem de encontrar uma solução senão todo esforço será em vão
16.out.2014
Henrique Eduardo Alves (para Léo Pinheiro): Amigo, como Cunha falou, na expectativa aqui. Abs e Obrigado
17.out.2014
Eduardo Cunha: Amigo qual a saída para Henrique?
Léo Pinheiro: Infelizmente não tenho
21.out.2014
Eduardo Cunha (para Léo Pinheiro): Deixa falar tive com Junior pedi a ele paradoar por vc ao henrique acho que ele fará algo. Tudo bem?
Eduardo Cunha: Preciso que de um reforço ao Junior ao menos 1 dele da. Sua contaprecisava de emergência
23.out.2014
Eduardo Cunha (para Léo Pinheiro): Ok bom tocando com junior qui na pressão ele vai resolver e se entende com vc
Segundo a Procuradoria, “Junior” é Benedicto Barbosa Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
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